Transistor como um amplificador de transcondutância
Neste post vamos conhecer o modelo de transistor de Ebers-Moll, como um amplificador de transcondutância. Para que no próximo post possamos explicar como funciona a realimentação em transistores com degeneração de emissor (resistor no RE no emissor).
Não esqueça de se inscrever em nossa lista de emails para ser avisado sobre novos posts em resumos semanais.
Veremos apenas o modelo final do transistor. Para uma discussão profunda sobre a física dos transistores bipolares e compreender da onde vem este modelo, recomendo livros sobre eletrônica analógica, como Livro: Microeletrônica (Sedra|Smith) e Livro: Fundamentos de Microeletrônica (Razavi).
O modelo de Ebers-Moll
De acordo com o modelo Ebers-Moll o transistor é um amplificador de transcondutância, ou seja, ele converte uma tensão de entrada em uma corrente de saída.
A tensão de entrada é a tensão base-emissor vBE e a corrente de saída é a corrente de coletor iC.
Abaixo está a equação do modelo que relaciona a entrada e a saída.
IS é a corrente de saturação do transistor, geralmente da ordem de pA (pico-ampères = ).
VT é a tensão térmica aproximadamente 26mV na temperatura ambiente (25ºC).
Note que quando a tensão vBE é negativa o transistor conduz reversamente uma corrente muito pequena, de forma semelhante a um diodo. (De fato, este modelo é muito parecido com o modelo exponencial do diodo!) No entanto, o uso de tensão base-emissor negativa em transistores é raro e, mesmo nesses casos, a magnitude da corrente é desprezível. Por isso descartamos o termo -1, simplificando a equação.
Deixe um comentário, caso tiver algum exemplo de aplicação onde esta simplificação faça diferença.
Mesmo com a corrente de saturação IS sendo muito pequena, a partir de certo ponto a exponencial cresce rapidamente, onde o transistor é capaz de conduzir significativamente.
Veja abaixo um gráfico com o ganho de transcondutância de um transistor considerando IS = 1pA e VT = 26mV. No eixo X temos a tensão vBE [volt] e no eixo Y temos o ganho G = iC/vBE [ampère/volt]. (Veja no fim o código para gerar o gráfico.)
Podemos ver que o ganho de transcondutância do transistor não é linear, ou seja, o ganho G = io/vi = iC/vBE não forma uma reta, mas sim uma curva exponencial.
Do gráfico podemos identificar as seguintes características:
O ganho é muito pequeno com vBE < 0,6V.
Apenas em vBE = 0,7V obtemos um ganho de 1 mA/mV.
Para vBE = 0,8V já temos ganho consideravelmente alto, de quase 30 mA/mV.
Pensamentos finais
Pelas características acima podemos identificar as razões do modelo super-simples do transistor ser uma tensão base-emissor fixa vBE = 0,7V.
O valor obtido a partir dos modelos mais complexos não vai variar muito em relação a isso.
E, considerando as tolerâncias extremas nas características de um transistor, um sistema que depende criticamente de qualquer uma dessas características, de qualquer forma, está fadado a falhar.
Por isso projetamos ou utilizamos amplificadores com ganhos exorbitantes (como AMPOPs) para depois realimentar eles e controlar seu ganho, pois a combinação de ganho extremamente alto e realimentação é a única saída robusta contra as altas tolerâncias na fabricação dos componentes.
E no próximo post veremos a técnica de degeneração de emissor e como ela é capaz de controlar o ganho do transistor através de realimentação negativa.
Código para o gráfico
Este é o código MATLAB/OCTAVE para gerar o gráfico.
% MATLAB/OCTAVE % Código para gerar o gráfico de Ganho (iC/vBE) vs. vBE % para um transistor is = 1e-12; % 1pA vt = 0.026; % 26mV vbe = (0 : 0.01 : 0.8); % 0 até 0,8V ic = is * (exp(vbe / vt) - 1); plot(vbe, ic./vbe) % Plotar o ganho grid on
Compartilhe!
Gostou do post? Foi útil? Clique abaixo e compartilhe com seus amigos!
Veja mais posts sobre Teoria.