Degeneração de emissor
Algo que muito se ouve falar, mas pouco explica-se, é como funciona a degeneração de emissor em amplificadores com transistores e qual a relação disso tudo com realimentação.
No post anterior (Teoria: Transistor e amplificador de transcondutância) vimos o modelo de transistor de Ebers-Moll.
Neste post vemos como a degeneração de emissor realiza realimentação no transistor.
Inscreva-se em nossa lista de emails para ser avisado sobre novos posts em resumos semanais.
Degeneração de emissor e realimentação
Quando falamos de degeneração de emissor estamos interessados na resistência RE presente no emissor do transistor e como ela afeta o amplificador.
No post anterior, vimos que o transistor é um amplificador com características não-lineares, ou seja, a saída não é proporcional a entrada.
Para reduzir este problema, utilizamos um resistor de degeneração no emissor. Este resistor serve como realimentação negativa. Ele amostra a corrente de saída, convertendo ela em uma tensão que é subtraída da entrada.
Dessa forma, considerando o ganho de realimentação H é igual a resistência de emissor.
Assim, quando o transistor está operando com ganho G alto teremos que o ganho realimentado Gf será aproximadamente 1/RE.
Ou seja, se você aumentar a tensão de base em teremos na saída uma variação de corrente aproximadamente .
No entanto, quando a tensão de base está abaixo ou próxima de 0,6 V o ganho do transistor é extremamente baixo! E não observaremos a relação linear acima.
Por isso, quando projetamos amplificadores com transistores polarizamos o transistor para que a tensão de base seja consideravelmente alta em relação a tensão base-emissor de condução (geralmente VB = 2VBEon) para que haja uma queda de tensão no resistor de emissor e manter o transistor no modo ativo mesmo com um sinal extra aplicado na base por acoplamento capacitivo.
Gráfico do ganho do transistor
No gráfico acima podemos ver o ganho do transistor sem (em azul) e com (em verde) degeneração do emissor de 1000Ω. Assim como o ganho sem realimentação, o ganho realimentado fica praticamente em zero quando a tensão de base é menor que 0,5 V e passa a aumentar a partir dali.
No entanto, enquanto o ganho sem realimentação cresce exponencialmente, o ganho realimentado passa a ser controlado pela realimentação do resistor de degeneração. A partir da tensão de base de 1 V o ganho realimentado é cerca de 0,48 mA/V e para tensão de base de 2,5 V é cerca de 0,78 mA/V. Podemos ver que, mesmo com a tensão de base em 2,5V o ganho realimentado alcança apenas 78% do valor de 1 mA/V (1/RE).
Apesar de ainda não ser muito linear, o transistor com degeneração de emissor é muito mais linear que o apenas o transistor, especialmente se a polarização utilizar um ponto de operação em que o ganho realimentado é aproximadamente constante.
Código para o gráfico
Este é o código MATLAB/OCTAVE para gerar o gráfico.
% MATLAB/OCTAVE % Código para gerar o gráfico de ganhos % de malha aberta G=(iC/vBE) vs vBE % e de malha fechada Gf=(iC/vB) vs.vB is = 1e-12; % 1pA vt = 0.026; % 26mV vbe = (0 : 0.01 : 0.8); % 0 até 0,8V ic = is * (exp(vbe / vt) - 1); G = ic./vbe; % Ganho de malha aberta RE = 1000; % Resistor de emissor [Ohm] ve = ic * RE; % Tensão de emissor vb = ve + vbe; % Tensão de base Gf = ic./vb; % Ganho de malha fechada % Plot figure(1) xCoordMax = 2.5; subplot(2,1,1) plot(vbe,G, vb,Gf) axis([0 xCoordMax 0 1/RE]) grid on xlabel('v_B [V]') legend({ 'G = i_C/v_{BE} ganho do transistor', 'Gf = i_C/v_B ganho realimentado' }, 'location','southeast') subplot(2,1,2) plot(vb,vb, vb,vbe) axis([0 xCoordMax 0 1.2]) grid on xlabel('v_B [V]') legend({ 'v_B', 'v_{BE}' }, 'location','northeast')
Compartilhe!
Gostou do post? Foi útil? Clique abaixo e compartilhe com seus amigos!
Veja mais posts sobre Teoria.